Primeiro, o título brasileiro. O título Perdido em Marte é propaganda enganosa. O filme conta a história de um astronauta que tem que se virar pra voltar pra casa uma vez que ele é dado como morto e abandonado em Marte. Em momento algum do filme ele está perdido. A NASA sabe o endereço dele. É ilógico, pra não dizer burro.
Agora o filme. Perdido em Marte é um filme do Ridley Scott, mas poderia ser do Robert Zemeckis sem maiores problemas. O filme é uma espécie de O Náufrago e cai naquela categoria de filmes bons, mas que ninguém explica como tem notas tão boas no imdb.com: O Discurso do Rei, Invictus e O Jogo da Imitação. É um filme good vibe previsível padrão, nada demais. Você já sabe o que esperar para a próxima cena. Você já sabe que vai dar tudo certo e você vai ter alguns momentos de tensão salpicadas com algumas tiradas de humor.
Me lembrou muito o filme Twister, Lunar e Gravidade em algumas passagens. E de longe lembrou os filmes do Riddley Scott onde era difícil saber se você deve ou não simpatizar com o herói, tipo Blade Runner e Alien. Passou longe do suspense e também passou longe dos outros filmes de Scott, tipo O Gladiador, Robin Hood e O Gângster, onde você toma o partido do herói e tem um inimigo em comum para ficar puto.
Em Perdido em Marte, o planeta é tão bonito, a cenografia é tão bonita, que você não consegue ficar puto com o ambiente hostil. Nem parece que o personagem do Matt Damon está em Marte. Parece que ele está num deserto qualquer. E o pior: parece fácil sobreviver lá.
A Sandra Bullock se ferrou, e muito, para sobreviver no espaço em Gravidade. A tripulação do filme Alerta Solar entrou em parafuso quando deu merda na missão, a tensão do Apollo 13 do Tom Hanks me dá arrepios até hoje. Já o Matt Damon tirou de letra sobreviver em Marte. A casa caiu e o cara continua fazendo piada. Resiliência de astronauta sim, concordo, essencial para sobreviver no espaço. Mas faltou o lado humano, um apego pela sobrevivência. Em O Náufrago esse papel era da bola Wilson. Clichê? Talvez. Mas faltou algo na relação do astronauta com o ambiente. Todos os astronautas são emotivos. Menos o Matt Damon (e o alemão).
Enfim, Perdido em Marte é previsível. Visualmente bonito e divertido. Mas longe de ser um clássico.
O BOM
– O filme bota a ciência como heroína e mostra que pra solucionar problemas você precisa ter organização, método e alta resiliência.
– As cenas do planeta vermelho são muito boas, deveriam ter mostrado mais.
– Verossimilhança: muita informação ali é baseada em estudos reais da NASA.
O RUIM
– O personagem de Sean Bean parece que está constipado o filme todo. Fora que um chefe de missão da NASA não deveria ser tão tímido. Podiam ter matado ele, seria mais engraçado.
– A nave que parece um navio-spa: Ok homenagear 2001, mas queria saber da NASA se a ideia de nave espacial inclui tanto espaço vazio.
– Um romance de astronautas…
– O astrofísico, estilo hacker outsider, que tem a solução mágica que NINGUÉM da NASA considerou antes.
– Dois atores do filme Interestellar. Toda vez que a personagem de Jessica Chastain aparecia na tela eu divagava se ela ainda estava procurando o pai pelo espaço.
– O delay das comunicações: da forma como o filme foi editado, parece que toda comunicação é em tempo real.
– A cobertura da imprensa no filme é surreal. A NASA transmitindo ao vivo pela TV o chat dos personagens é uma coisa que a gente não vai ver tão cedo.
CONCLUSÃO
– Nota 3 (de 5)
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