A FINA ARTE DA NAVEGAÇÃO ALEATÓRIA.

Para ficar de olho: Garapa

Nenhum outro filme exibido em Berlim este ano conseguiu dos espectadores este mal-estar. Depois da projecção, os aplausos soam quase arrancados a ferro, as pessoas saem em silêncio, semblantes carregados, desviando os olhares.
O que acabara de ser projectado no ecrã, em preto e branco granulado, som directo, câmara à mão, não era uma ficção, mas tocou o público mais do que qualquer ficção que tenha surgido na competição oficial de Berlim – e nem sequer estava a concurso.
Há um ano, “Tropa de Elite” arrebatava o Urso de Ouro perseguido pela controvérsia. Este ano, o seu autor, José Padilha, documentarista de formação, veio à secção paralela Panorama mostrar um documentário que definiu inspirado pelo “cinema directo” e onde procurou usar as armas do cinema narrativo para acordar consciências. A julgar pela reacção transtornada do público, “Garapa” conseguiu-o.

Tirei o texto daqui.

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