De tempos em tempos o universo dos quadrinhos faz sua jogada de marketing favorita para aumentar as vendas: reciclagem de heróis. E nesse embalo sempre surge uma HQ que:
a) Reconta e atualiza a origem do herói;
b) Situa a história em algum ponto do passado ou futuro, tipo Túnel do Tempo ou joga o herói em outra realidade tipo “Universos Paralelos”;
c) Mata o herói principal (ou o grupo, a raça, enfim, frequentemente envolve morte ou genocídio);
d) Apela para para o advérbio condicional “se” e distorce hipoteticamente a realidade do herói, tipo “O que aconteceria se o Stan Lee tivesse criado o Batman” ou “o que aconteceria se o Superman tivesse caído na Rússia….” e alternativas do gênero;
e) Ressuscita heróis ou grupos inteiros ou tira a poeira dos já esquecidos;
f) Usa mais de uma das alternativas acima ou todas ao mesmo tempo;
Desde os anos 80 isso acontece com uma certa frequência, e dessas reciclagens saem algumas HQs que tiram o herói do esquemão “Continua no próximo gibi…” serializado dos arcos de histórias mensais. A bola da vez é Batman Ano 100 (uma mistura de a com b em duas edições), que homenageia o hipotético centenário do herói criado em 1939 por Bob Kane situando a história no ano 2039. A HQ reconta a lenda do morcegão, mas num futuro onde tudo é vigiado. Assinada por Paul Pope, o novo queridinho das Hqs (segundo todo mundo) e com desenhos “sujos” e recheado de “lápis corrido” de José Villarubia, a história põe o morcegão num futuro-nóia-pós-11-de-setembro onde Gotham é um pouco menos caótica e talvez um pouco mais verossímil que a apresentada pelo Frank Miller em Cavaleiro das Trevas. Enfim, nada de muito novo, nada de muito inovador, mas é legal ver se o lendário (e centenário) mascarado consegue manter sua identidade secreta numa época onde chovem exames de DNA e Gothan tem câmeras de segurança até na retina de cães policiais. E o preço é outro atrativo, R$ 6,90. Nas bancas.
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